Sempre se ouviu falar que consumir peixes faz parte de uma alimentação saudável e equilibrada. De fato, seria muito bom tê-los presentes frequentemente em nossas refeições, desde que eles não estivessem tão contaminados por substâncias tóxicas e nocivas para a nossa saúde. Apesar de ser uma triste realidade, nem tudo está perdido! Basta ficar atento às suas escolhas!
Muitos são os estudos avaliando o nível de metais tóxicos como mercúrio, chumbo, arsênio, entre outros metais pesados nos peixes, e, infelizmente, os dados são alarmantes! Praticamente todos os peixes a que temos acesso estão contaminados. Alguns apresentam níveis mais elevados e outros menos, mas a realidade é que estamos expostos a estas toxinas!
A principal causa da contaminação dos peixes é a poluição dos solos, nascentes de água, rios, lagoas, mares e oceanos pelos resíduos industriais tóxicos, fertilizantes e agrotóxicos utilizados em plantações, metais utilizados nos garimpos, além do próprio esgoto das cidades. Portanto, não importa se o peixe é de água doce ou salgada. O perigo está presente em ambos os casos e a contaminação é maior nos peixes captados em águas próximas desses focos de contaminação.
Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) e alguns especialistas afirmem não haver necessidade de pânico e determinem valores de ingestão toleráveis, que supostamente, não gerariam prejuízos à saúde, as evidências científicas também demonstram que, mesmo em pequenas concentrações, e acima de tudo a exposição continua a estes metais tóxicos, podem sim trazer danos irreparáveis ao nosso organismo, sobretudo em gestantes e crianças. Ainda que algumas análises avaliando o teor desses metais em diferentes espécies de peixes tenham demonstrado que estão dentro dos níveis de segurança, é preciso lembrar que a exposição crônica gera um efeito cumulativo no nosso organismo.
O arsênio é a substância que oferece maior efeito tóxico para a nossa saúde e está associado principalmente com maior risco de câncer, insuficiência pulmonar e lesões na musculatura cardíaca (miocárdio). Na sequência de toxicidade o chumbo é o segundo metal pesado que mais gera prejuízos ao nosso organismo, atacando principalmente os ossos e associado à maior risco de osteopenia e osteoporose. Muitos estudos também correlacionam a intoxicação por chumbo com aumento de risco de hiperatividade, déficit de atenção e baixo rendimento escolar em crianças.
No caso do mercúrio, os danos causados pela sua contaminação são principalmente no sistema nervoso, podendo ser o gatilho para depressão, perda de memória recente, déficit de concentração, fadiga e tremor espontâneo. Além da neurotoxicidade, esse metal também pode causar alterações renais, toxicidade gastrointestinal e aumento da susceptibilidade às doenças articulares.
As pesquisas demonstram que os peixes com maior contaminação, sobretudo por mercúrio, são tubarão, peixe espada, cavala, atum, arenque e cação. Segundo o FDA (Food and Drug Administration), mulheres que pretendem engravidar, gestantes, lactentes e crianças devem evitar o consumo frequente desses peixes.
Diante de tantas informações, você deve estar se perguntando como poderá consumir peixes sem se expor tanto aos metais tóxicos presentes nesses alimentos, correto? Seguem algumas dicas:
1. Evite consumir os peixes mais contaminados (tubarão, peixe espada, cavala, atum, arenque e cação)
2. Prefira peixes não carnívoros (que não se alimentam de outros peixes) e opte por aqueles que possuem um ciclo de vida média curto, pois muito provavelmente estarão menos expostos à contaminação (salmão selvagem, sardinha, merluza, carpa, dourado, lambari, manjuba, tilápia, truta).
3. Procure saber a procedência dos peixes que você consome para evitar os de regiões poluídas.
4. Quando for comer peixes, consuma alimentos e bebidas que auxiliam no processo de destoxificação. Essa é uma boa estratégia para auxiliar o seu organismo a excretar as substancia tóxicas.
– Use ervas e temperos destoxificantes nos peixes: alecrim, açafrão, gengibre, hortelã, alho, cebola.
– Prepare uma salada com folhas verdes escuras e brássicas (agrião, brócolis, couve-de-bruxelas, couve-flor, brotos, rabanete, nabo, repolho) para acompanhar o peixe.
– Consuma frutas roxas e vermelhas de sobremesa: uva, cereja, morango, amora, framboesa, mirtilo, cranberry, goji berry, açaí, acerola).
– Aposte em sucos verdes para acompanhar a refeição.
– Beba chás destoxificantes após a refeição: cavalinha, dente de leão, camomila, menta, chá verde.
Contudo, é importante esclarecer que não é necessário, e nem indicado, deixar de consumir peixes. Eles são ricos em nutrientes essenciais para o funcionamento do organismo como vitamina A, E, D, ácido pantotênico, niacina, sódio, potássio, ferro, magnésio, manganês e cálcio. Além disso, ainda são excelentes fontes de proteínas e ricos em ácidos graxos ômega 3. Precisamos aprender a conviver com essa situação nos protegendo ao máximo da intoxicação pelos metais pesados e garantir um organismo equilibrado nutricionalmente e com capacidade de destoxificação desses xenobióticos a que estamos expostos diariamente.
Com todas essas informações e dicas, certamente ficará mais fácil de consumir peixes de forma consciente!
Um forte abraço e até a próxima matéria!
Dr. Takeo Kimoto
Nutricionista – CRN 10-2455
Graduado em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Pós-graduado em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul / Centro Valéria Paschoal – Divisão de Ensino e Pesquisa
Pós-graduado em Nutrição Esportiva pela Universidade Gama Filho – UGF
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